segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Circo do Sol


Trabalhar mais de dez horas em pé não é fácil. Nem contar centenas de camisetas, chaveiros, dvds, cds, máscaras, malabares, imãs e por aí vai... Também não é nada fácil aguentar uma chefe durona, de humor volátil e grosseira quando bem entende. Atender 2.500 pessoas a cada espetáculo, responder todas as perguntas cretinas, as indecisões de compra, a falta de educação de muitos deles. Não é fácil acordar pra trabalhar e dormir pensando no trabalho, na conta errada, no produto não vendido, na insatisfação do cliente.

Esse é o dia-a-dia do merchan, apelido carinhoso do Merchandising do Cirque du Soleil. Parece chique né? Mas não passa de um trabalho semi-escravo! Sem moleza mesmo! A gente rala muito, cansa muito, fala muito, faz tudo em excesso! E, pela primeira vez, aquela comunidade do orkut fez sentido pra mim: "A gente se fode mas se diverte". E é verdade... o tempo inteiro todo mundo reclama de tudo. Comida, água quase sempre quente, calor, suor, gente demais. Temos que varrer nosso espaço, fazer requisição de novos produtos, arrumar tudo, fazer váááárias coisas... pra começar tudo de novo. Os pés doem, a cabeça pesa, a coluna tortura. Mas no fim das contas vale a pena! Conheci trocentas pessoas, todas diferentes, todas interessantes, de nacionalidades diferentes, de comportamentos admiráveis, de ternura sem igual. Pessoas que fazem valer a pena todo o cansaço. São engraçadas, divertidas, inteligentes. São especiais. Nós rimos muito da nossa própria desgraça! Tiramos sarro dos nossos defeitos, dos defeitos dos outros e, porque não, das qualidades também. Não dá mais pra ouvir a música tema do espetáculo sem sacanear, sem fazer passinhos descabidos, soltando aquela gargalhada gostosa que o circo inteiro ouve.

Todos os dias me sinto um caco. Mas um caquinho cheio de novos amigos, com novas experiências loucas, com recordações muito legais de dias de trabalho árduo no circo do sol.
E como diria meu queridíssimo chefe André: "Merchaaaaannnnn, posiçããããooooo!".

domingo, 14 de outubro de 2007

E você? Tem medo de quê?


Acabei de dar banho no meu sobrinho... enquanto lavava seu cabelo ralinho ele me perguntou: "Dinda, eu tenho medo de altura e de ondas do mar que invadem a cidade (entendi como um tsunami)! E você? Tem medo de quê?". Respondi as coisas que ele captaria: medo do escuro(sim, e daí?!), de barata, de ficar longe das pessoas que eu amo (não ia falar da morte delas!)... mas não pude falar dos meus medos maiores, daqueles que tiram meu sono, que me paralizam.

Medo de não me superar, de não conseguir alcançar meus objetivos, ser um zero à esquerda. De acordar sem vontade de viver, de dormir sem vontade de acordar... medo de desistir no meio do caminho, de não me apaixonar de novo, de não se apaixonarem por mim, de não conhecer o novo e também de conhecê-lo. De perder a minha essência, minha garra, minha motivação, de me perder.

Tenho pavor de não saber o que vai ser do amanhã, depois do amanhã, do mês que vem, do próximo ano... pavor do que esperar de mim, da minha vida, do mundo. Tenho pavor de ter que passar por tanta coisa ruim de novo, ou de enfrentar coisas piores.

Toda hora pessoas passam por mim, acrescentam e subtraem, me magoam e me deixam feliz. Mas eu posso perdoá-las, aceitá-las, me adaptar. Mas o meu medo mesmo é de não saber me perdoar, me aceitar... meu medo é não saber viver o que me espera.
"Sometimes is never quite enough
If you're flawless, then you'll win my love
Don't forget to win first place
Don't forget to keep that smile on your face...
Be a good girl
You've gotta try a little harder
That simply wasn't good enough
To make us proud..."
Alanis Morisstte