quarta-feira, 9 de agosto de 2006

Meu querido diário...


Ontem à noite, ao mexer em minhas coisas velhas jogadas no meu gavetão, lá no fundo, bem no fundo, vi minhas agendas... trocentas delas, várias, proliferação! Pensei duas vezes antes de ativar o flashback, mas não resisti!
A minha primeira agenda eu ganhei aos onze anos. Era tudo pra mim! Eu carregava pra todo lugar. Não me lembrava de quase nada que ali estava... histórias, pessoas, paixonites... sim, por que eu me apaixonava todo dia por alguém diferente! O dia do meu primeiro beijo de verdade(05/01/1993), o dia em que quebrei o braço jogando basquete (sim, eu jogava basquete!), meu primeiro dia de aula em uma escola nova, e descobri que até poemas eu escrevia... de dar medo!
Depois dei uma olhada na minha agenda de 1996, quando eu tinha 14 anos. Ô idade gostosa! Vi que eu começava a aprontar, mentia pra poder sair de casa, beijava três, quatro meninos numa mesma festa e ainda me gabava por isso! Foi o ano em que fui ao primeiro show dos Paralamas, depois desse viriam mais dez shows. Eu era viciada... as páginas cheias de declarações musicadas de Herbert Vianna. Aliás, foi nesse ano que tomei gosto pela leitura, com "Feliz Ano Velho" e "Como Água para Chocolate", um dos meus preferidos até hoje!
Como eu ria lendo essas agendas... então me deparei com o ano do meu primeiro e, por enquanto, único amor. Gente, me esqueci como o amor é belo, viciante e brega! Credo! Agenda cheia de "Eu amo ele!", "Será que ele gosta de mim?", cheia de descobertas sentimentais e sexuais... eu me deliciei lendo aquilo, parecia que estava vivendo tudo de novo. Toda aquela loucura que eu sentia, a excitação em estar com alguém que também me amava, as dúvidas, as certezas, todo aquele torpor que há tempos eu não sinto... mas pra falar a verdade, fico feliz que tenha passado. Deu muito trabalho crescer daquela forma, sem ninguém pra me ajudar.
Então cheguei a uma dura realidade... eu continuo escrevendo em agendas, contando minha vida, minhas decepções, anseios, verdades. Mas agora tenho espectadores... tenho com quem dividir essa vida esquisita que me foi imposta desde que nasci. Tenho alguém pra me ajudar.
Engraçado... tenho as mesma questões desde então... quem sou eu? pra onde eu vou? o que eu faço? como, quando, onde, porque? Eu sempre pensativa, sempre buscando soluções para as coisas mais simples da vida. Vendo, com meus belos olhos semi-puxadinhos, a evolução da minha existência, tudo devidamente documentado, fotografado, ilustrado... me orgulhei da minha memória escrita, das passagens que eu julgava importante, e nem me lembrava, das pessoas que viraram apenas nomes, dos lugares que são sempre os mesmos, das sensações que são sempre novas...
Pra terminar, vou colocar o trechinho de uma música que encontrei escrito nas minhas agendas, e que vale pra mim até hoje!
"Eu vou esquecer de tudo, das dores do mundo, não quero saber quem fui mas sim quem sou..."

Um comentário:

Anônimo disse...

"...primeiro e, por enquanto, único amor..."
hehe, muito bom! Esse negócio de agenda velha é muito bom!!!
Beijos